Mátria Parque de Flores

paisagismo / 2019

São Francisco de Paula / RS / Brasil

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  • Nome

    Mátria Parque de Flores

  • Local

    São Francisco de Paula/RS

  • Conclusão

    2019

  • Área

    50 hectares

  • Realização

    Monterosso Empreendimentos

  • Arquitetura paisagística

    JA8

  • Arquitetura das edificações

    Alencar Arquitetura

  • Engenheiro agrônomo responsável

    Maicon Possamai

  • Fotografia

    Leonardo Finotti

O lugar onde o parque foi implantado foi cuidadosamente escolhido. Para os empreendedores era fundamental que o terreno tivesse topografia movimentada, um lago, mata nativa e área livre para implantação dos novos jardins. O clima frio era uma das vontades por permitir a inclusão de plantas de clima temperado. A localização também favorece o empreendimento: a Serra Gaúcha é um destino turístico conhecido pelo bom atendimento e gentileza nos serviços.

Sobre o Paisagismo: Por JA8 Arquitetura Viva

As características do lugar foram determinantes para o resultado do projeto. O terreno possui atributos que alimentaram o desenho do parque. No projeto de paisagismo, cada jardim, composto dos caminhos e canteiros, foi desenhado para estar encaixado nas formas do terreno. Assim, ao caminhar pelo parque, o visitante poderá descobrir a paisagem criada organizada em camadas que se fundem com a paisagem natural.
A partir da leitura do terreno, identificamos traços e elementos naturais que deveriam se manter presentes como estruturadores de todo o projeto. Na macro escala, as linhas da topografia estabeleceram as formas dos caminhos, o grande lago foi definido como elemento central, as áreas alagadiças foram resguardadas como jardins naturais e a mata completamente preservada foi incluída no percurso dos visitantes.
Na micro escala, identificamos as características de pontos específicos que auxiliaram a vocação de cada jardim. Estudamos a flora nativa para escolher árvores e outras plantas que pudessem compor o paisagismo como um todo. A arborização adicional proposta foi prioritariamente feita com plantas nativas. Identificamos espécies de herbáceas e arbustivas nativas para incluir no paisagismo, algumas das quais precisam ser conhecidas pela população para que possam ser realmente protegidas, como a incrível Gunnera manicata.

"Um projeto de paisagem tem uma característica singular que o difere de outros projetos de arquitetura. Quando desenhamos jardins, podemos flertar com o passar do tempo. De modo complexo, prevemos a transformação no aspecto do espaço projetado em três escalas. Ao longo de um dia, pela diferença de luminosidade da aurora ao pôr do sol. Com o passar dos meses em um ano, observamos a diferença entre os ciclos fenológicos e climáticos definidos pelas estações. E por último o mais intenso que é a evolução com o passar dos anos impressa nos lugares pelo ciclo de vida e morte, a essência do movimento natural. Sabemos que nenhum momento vivido em um jardim se repete; os dias que passaram não irão se repetir jamais, cada momento é único porque os jardins estão em constante transformação."

Juliana Castro em Arquitetura das Árvores, Construindo com a Natureza, 1999

No Mátria Parque, o tempo é um aliado. Contamos com os ciclos naturais para enriquecer a experiência dos visitantes. Desde a mais óbvia das preocupações em manter áreas floridas ao longo de todo o ano, escolhendo espécies com florações em épocas complementares, até a escolha de apresentar uma outra estética aos visitantes: aquela que aceita o ciclo natural da vida, a impermanência. Manteremos flores secando nos canteiros e folhas em transformação, mostrando a beleza do envelhecer e renascer a cada estação. Esse planejamento requer grande cuidado e sensibilidade para revelar ao visitante a verdadeira beleza do mundo natural.

A escolha de temas para os jardins foi inspirada em memórias afetivas, nas artes e no próprio mundo botânico.

O Roseiral, por exemplo, remete à infância do empreendedor e acreditamos que irá despertar a memória de muitos visitantes. As linhas sinuosas que compõem o Jardim Suave, o Jardim Lilás e o Jardim Degradê descansam no terreno como pinceladas em uma grande tela. Alguns jardins destacam claramente o desejo de exacerbar a presença de plantas específicas, como o Jardim das Magnólias, o Caminho das Cerejeiras e os Jardins do Vento, compostos por plantas de estrutura forte e formas escultóricas como as Agaves e Aloes.

Elementos especiais foram incluídos para movimentar esta experiência: um túnel com 120 metros de comprimento coberto por um degradê de Glicínias brancas e lilases, a Escultura Deslocamento, feita com a transposição de terra do próprio terreno, os Balanços Tempo que convidam todos ao relaxamento e momentos de alegria, entre outras surpresas.

Os jardins do Mátria foram projetados para o bem-estar, a alegria e a conexão com o que temos de melhor: a arte e a natureza. Mátria é um projeto dinâmico, que jamais deixará de se transformar, pois conta com o maior de todos os aliados para cumprir seu propósito: a vida.

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